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Ronco / Apnéia

A respiração é responsável pela renovação do oxigênio sanguineo. É importante lembrar que o ar deve entrar pelas narinas que representam a primeira parte da via respiratória. O nariz trata o ar inspirado adaptando-o para o perfeito funcionamento das demais partes da via respiratória. A boca não é uma porta de entrada para o ar, podendo ser utilizada em situações de emergência, contudo não tem as propriedades de tratamento do ar existentes no nariz.

O ronco é produzido, durante o sono, pela vibração da garganta (palato mole), da campainha (úvula), da parede posterior da garganta, das amígdalas, da língua e da epiglote durante a passagem do ar na respiração. Qualquer obstáculo no trajeto de passagem do ar, desde o nariz até os pulmões, produzirá irregularidades no fluxo e, assim, turbulência causando vibração das estruturas produzindo o ruído do ronco. Quando o ar é inspirado através da boca ocorre uma força de inspiração intensa produzindo vibrações no palato mole e na úvula fazendo com que o paciente produza ruído tanto na inspiração quanto na expiração.

O roncar durante o sono pode ser desde uma roncopatia simples, como quando aumentamos alguns quilos e para de roncar ao perder, ou quando existe o ronco somente quando é ingerido quantidades de álcool; até problemas como a roncopatia crônica e a síndrome da apnéia do sono que geram conseqüências para o organismo como um todo.

O paciente ronca de modo intermitente, com intensidade variável. Devido à redução da oxigenação, este indivíduo apresenta, ao longo do tempo, outros sinais e sintomas como: dificuldade de acordar, sono não reparador, cansaço logo pela manhã, sonolência diurna e desatenção.

O paciente com roncos de moderada ou forte intensidade frequentemente interrompidos por um período de silêncio (apnéia) onde não há respiração seguida por estridor e sensação de afogamento. A redução da oxigenação do sangue é maior que na roncopatia crônica. O sono desses pacientes é caracterizado por microdespertares frequentes, agitação noturna com mudanças frequentes de posição. Pela manhã, há sensação de cansaço intenso e de um sono realmente não reparador. Muitas vezes acordam com dor de cabeça e, durante o dia, apresentam notável sonolência, podendo adormecer facilmente. Além disso, podem apresentar ainda dificuldade de concentração, tonturas, irritabilidade, dificuldades de memória, ansiedade ou depressão e diminuição do apetite sexual.

Sim. A roncopatia crônica pode ou não evoluir para a Síndrome da Apnéia do Sono. Muitas vezes, essa evolução passa despercebida e só é diagnosticada com o inicio dos sintomas das complicações, podendo ser muitas vezes muito graves.

Fatores Anatômicos: Alterações ou patologias aumentem a resistência à passagem do ar fazendo com que, progressivamente, a respiração bucal substitua a respiração nasal, como por exemplo: deformidades do septo nasal, hipertrofia dos cornetos inferiores, pólipos nasais etc. causar diminuição da coluna aérea na orofaringe Alterações ou patologias como a hipertrofia das tonsilas faríngea (adenóide), palatinas (amígdalas) e linguais, hipertrofia da parede posterior da faringe (aumento tecido gorduroso). Além disso, durante o sono, principalmente na posição de barriga pra cima (decúbito dorsal horizontal), existe uma tendência de queda da língua empurrando a epiglote contra a laringe diminuindo ainda mais o calibre da via aérea com risco de asfixia. Isso se torna ainda mais graves nos casos onde há aumento do volume da língua (macroglossia) ou queixo retraído (micrognatia).

Outros fatores: idade, peso e sobrepeso, hábitos alimentares, principalmente refeições volumosas, uso de álcool e cigarro, uso de sedativos, estresse, sedentarismo e alterações hormonais.

As complicações cardiovasculares são as mais freqüentes. Dentre elas o aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca podendo ser difícil controle gerando outros problemas graves. Em crianças podem ocorrer alterações no crescimento por deficiências hormonais e pela respiração bucal que altera o crescimento do terço médio da face gerando alterações anatômicas internas que pioram ainda mais a respiração. Problemas de impotência e diminuição da libido.

No diagnóstico, o mais importante é diferenciar entre o roncador crônico e o roncador com apnéia. Determinar se existem alterações anatômicas ou patologias que possam contribuir para o problema e detectar a existência de complicações.

Isso é possível através da avaliação pelo otorrinolaringologista ou médico do sono, onde é feita uma história detalhada dos eventos durante o sono (muitas vezes é necessário que o cônjuge ou algum outro informante).

De acordo com os achados na história do paciente, ele deve ser encaminhado para uma série de avaliações multidisciplinares com o cardiologista, neurologista, otorrinolaringologista, endocrinologista, nutricionista, pneumologista entre outros.

A polissonografia é o exame mais importante dentro deste contexto estudando o sono e fornecendo informações que irão direcionar todo o tratamento além de possibilitar a classificação da gravidade dos eventos durante o sono.

O tratamento se inicia sempre com a correção dos fatores de risco como álcool, cigarro, sedentarismo, abuso alimentar e sobrepeso. Os únicos medicamentos que apresentam alguma eficácia são aqueles que utilizados para melhorar a respiração nasal.

O CPAP é o tratamento não cirúrgico mais eficaz fazendo cessar os episódios de apnéia e a roncopatia. Já os tratamentos cirúrgicos têm por objetivo melhorar a respiração nasal ou corrigir alterações anatômicas especificas que possam contribuir com a patologia.

Em crianças com hipertrofia da adenóide e amígdalas, a cirurgia para remoção normalmente é suficiente para corrigir o problema.

Em adultos, com hipertrofia amigdaliana, a cirurgia para sua remoção associada ou não à manobras sobre o palato mole podem também favorecer o melhora ou até correção do problema. Entretanto, a avaliação nasal sempre deve ser realizada, pois a existência de deformidade septais e/ou hipertrofia dos cornetos, se presentes, podem ser corrigidos no mesmo ato cirúrgico.